LUGAR DE MULHER É ONDE ELA QUISER, INCLUSIVE NA ENGENHARIA!
Gühring
A engenheira Priscila Bittencourt, da área de Planejamento e Experiência do Cliente da Gühring Brasil, participou do Industry4her, programa da VDI-Brasil que prepara as mulheres para a liderança feminina na Indústria 4.0. Ela fala sobre o curso e a presença das mulheres na área de engenharia. Confira!
Historicamente, os cursos na área das ciências exatas contam com a presença majoritária de homens. Por muito tempo, as profissões nesse campo do conhecimento foram vistas como uma “área masculina”. Nos cursos de engenharia, em geral, os homens são maioria. Você acha que isso está mudando?
Sim. É fato que áreas voltadas para indústria ainda são dominadas em sua grande maioria por homens. Mas além desse dado é importante também reforçar que muitas mulheres ainda ganham menos que homens em mesma posição dentro das empresas. A disparidade varia entre 15% e 35% dependendo dos cargos segundo a OIT (Organização Internacional do Trabalho). Porém, acredito que este cenário está mudando sim. As mulheres têm ganhado mais espaço em novas áreas profissionais, em parte isso está ocorrendo devido esse grande movimento de valorização da diversidade pelas companhias, com políticas como o ESG, por exemplo, mas principalmente pela inegável competência dessas profissionais.
E sobre as mulheres no ensino superior, como está isso?
Então, segundo dados da própria OIT, que nos foram apresentados na formação do Industry4her, as mulheres são a maioria com ensino superior entre a população, cerca de 60%. Isto é, cada vez mais mulheres estão se conscientizando da importância da formação e da continuidade de aprimoramento do estudo para ocupar os cargos que merecemos não apenas por um movimento, ou uma “onda” de incentivo a diversidade, mas pela nossa competência e pelos soft skills que ao logo de nossas vidas vamos conquistando e aprendendo justamente em função destes desafios.
Essa disparidade de gênero no trabalho ainda é algo comum no mercado, não? Basta dizer que o Brasil ocupa 94º lugar no ranking de disparidade numa lista composta por 146 países!
Sim, sem dúvidas. Há vários pontos conquistados de melhoria nesse sentido de equidade, mas ainda há um longo caminho a ser percorrido. Pois muitas questões abrangem essa disparidade de gênero, além de que com a interseccionalidade (mulheres negras, PCDs e LGBTQIA+) a situação parece ficar ainda mais distante.
Você é uma engenheira de processos. O que faz uma profissional como você na Gühring?
Sou por enquanto (rs...) a única engenheira de processos da Gühring Brasil, estou a cerca de oito meses atuando junto ao time comercial para alcançar nossos objetivos e metas com a matriz. Nossos processos internos e externos precisam convergir para que esses resultados sejam alcançados. O time de vendas precisa ter sinergia com a fábrica e demais áreas/ processos para que os prazos sejam atendidos e os clientes tenham a melhor experiência com os serviços Gühring. Tenho me concentrado no projeto de Customer Experience, juntamente com mais dois colegas, (um deles também uma mulher que participou junto comigo, representando a Gühring no industry4her) para que o conjunto de percepções dos clientes sobre a experiência de compra de produtos e serviços da Gühring seja o melhor possível. O grande desafio é suprir essa necessidade e captar as dores dos clientes com qualidade e de uma forma individualizada, fidelizando através dessas ações a nossa marca.
E como é trabalhar na Gühring? Você, por enquanto, é a única mulher na equipe, não?
A Gühring foi uma grata surpresa no meu caminho profissional, conheci a marca anos atrás e tive a oportunidade de utilizar os produtos enquanto ainda trabalhava na Ford na área de manufatura de motores. Na época era responsável também pelos testes de ferramentas para trazer benefícios às linhas e devido a isto testei várias soluções e conheci muitos profissionais da Gühring que ainda trabalham aqui e hoje são meus colegas de trabalho. Olhando por essa perspectiva gosto de ressaltar o quanto a empresa tem buscado investir em crescimento. Quando eu ainda era cliente da Gühring, não imaginava que a companhia incentivasse tanto a busca pelo crescimento. Estamos em constante treinamento, e esta capacitação voltada para a indústria 4.0 (Industry4her, da VDI), foi uma oportunidade que a Gühring me ofereceu e eu achei incrível, abracei a chance e todo o conhecimento que foi compartilhado durante vários meses de curso.
Por que a Indústria 4.0 ascendeu a discussão sobre a diversidade e a importância da presença feminina na indústria?
A indústria 4.0 passa uma imagem de algo extremamente tecnológico, com a utilização de robôs e a integração de toda a cadeia produtiva através de tecnologias habilitadoras que facilitam e agilizam a tomada de decisão. Mas além desse aspecto, que é de fato a cara da indústria 4.0, esse conceito traz para as empresas a possibilidade de refletir sobre os recursos já utilizados e disponíveis. Acredito que nós mulheres, engenheiras, e todas as outras profissionais da área industrial, estão enxergando esse movimento como uma grande oportunidade, ou uma chance de fazermos a diferença.
Você participou de um curso longo, o Industry4her, que prepara as mulheres para a liderança. Você poderia destacar algo que te impressionou na grade do curso?
Foi ver tantas mulheres reunidas discutindo diversos assuntos da área da indústria 4.0, contando suas dores e experiências. Ver como os conceitos da indústria 4.0 atingem diversas áreas e vão contribuir para o desenvolvimento da indústria como um todo. Nesta edição que participei havia engenheiras, mulheres que atuam na área de RH, projetos, logística, pesquisa e desenvolvimento, financeiro, agilistas scrum, estatística, entre outras profissionais. Foi muito interessante ver como os conceitos são aplicados nestas diversas áreas. É importante ter em mente que a indústria é uma grande organização que precisa que todas as áreas se comuniquem de forma eficiente. Sem essa sinergia não há evolução.