Consultoria internacional aponta que o fator capacitação ainda persiste como um enorme desafio
Nos últimos cinco anos 80% do crescimento da produtividade no Brasil se deu pelo aumento da mão de obra e não pelas esperadas melhorias na competitividade com o uso de novas ferramentas. Ao contrário do que aconteceu em outras partes do mundo, onde o avanço da tecnologia revolucionou a indústria e alavancou a produtividade.
Apesar de muitas empresas já terem feito grandes investimentos, a capacitação ainda persiste como um enorme desafio. Um estudo global da consultoria de gestão McKinsey & Company, com mais de 450 companhias internacionais, mostrou que metade delas não conta com talentos habilitados para implementar a agenda digital.
A defasagem nas habilidades e capacidades internas é percebida como um obstáculo maior à implementação da agenda digital do que a falta de investimento, a indisponibilidade de dados ou os desafios com a tecnologia atual.
Para superar esse déficit de capacitação, o caminho mais eficiente é o treinamento e a qualificação dos profissionais que já fazem parte do quadro de funcionários das empresas. Aqui no Brasil, segundo estimativas do Observatório Nacional da Indústria, esse é um universo de aproximadamente 7,5 milhões de trabalhadores. Existem fortes incentivos para as empresas tirarem os programas de requalificação do papel: para três em cada quatro executivos entrevistados, tais programas ajudam a fechar pelo menos metade da lacuna de capacidade.
O aspecto financeiro também favorece essa abordagem. Estudos da McKinsey sugerem que cultivar os talentos internos custa até três vezes menos do que recrutar no mercado. Além disso, há uma consideração importante a ser feita: se aprender novas habilidades leva um certo tempo, absorver a cultura e desenvolver familiaridade com os processos de uma empresa pode ser ainda mais demorado. Há um ganho em investir nas pessoas que já têm uma história com a empresa que, embora intangível, não pode ser ignorado.
Embora a jornada de capacitação não seja uma simples receita de bolo, as empresas podem se beneficiar de um roteiro indicando as frentes de atuação determinantes para garantir a eficácia dos seus programas. Eis quatro ações que não podem faltar no planejamento das empresas:
- Mapear as capacidades que realmente importam para as alavancas de valor do negócio. Fazer um diagnóstico robusto, entendendo onde a empresa está e aonde ela deve chegar;
- Customizar os treinamentos para a maturidade atual e os requerimentos específicos da empresa. Programas eficazes apoiam a estratégia e endereçam necessidades claras do negócio;
- Usar metodologias adequadas para a aprendizagem de adultos. Adultos aprendem de um jeito diferente. Para eles, a combinação de teoria com exercícios práticos e aplicações em campo é essencial;
- Mensurar o progresso. Depois de investir no desenvolvimento de jornadas de aprendizagem de longo prazo, é fundamental acompanhar o avanço em relação aos critérios preestabelecidos.
Embora as posições que requerem habilidades digitais sejam denominadas “empregos do futuro”, não se trata de algo distante no horizonte. Em muitas áreas da manufatura, o futuro já chegou. Em outras, os ganhos de eficiência seriam maiores se esse futuro pudesse ser antecipado. (fonte: McKinsey)