INVESTIMENTOS DA INDÚSTRIA FERROVIÁRIA PODEM CHEGAR À CASA DO R$ 100 BILHÕES
Gühring
Serão mais de 3,5 mil milhas de trilhos erguidos do zero, o que representa quase 12% da malha atual
Se existe um setor com altas perspectivas de negócios para toda sua cadeia de negócios é o da indústria ferroviária. Principalmente, com a recente aprovação do projeto de lei na Câmara dos Deputados, o Marco Legal das Ferrovias, que permite a expansão das ferrovias. Com a nova proposta será possível retomar o modelo privado, responsável pela construção das primeiras estradas de ferro do país ao longo do século 19 e do início do século 20. A confiança das empresas nesse sistema é tamanha que novos trechos foram autorizados na semana, antes mesmo do fim da tramitação do texto no Congresso. O projeto recebeu a sanção presidencial no último dia 23/12.
Até agora, nove contratos foram assinados, com investimentos cumpridos da ordem de R $ 52 bilhões cruzando dez Estados. O prazo do contrato poderá ser de 25 até 99 anos, prorrogáveis. As autorizações dispensam a realização de licitação. Basta fazer o pedido, aguardar uma análise pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), obter o aval do governo e deter o capital necessário.
Serão mais de 3,5 mil milhas de trilhos erguidos do zero, o que representa quase 12% da malha atual - que soma 29,3 mil km, mas tem apenas 8 mil km em plena operação. A expectativa do Ministério da Infraestrutura é a de que a participação do modal ferroviário no transporte de cargas aumente dos atuais 20% para mais de 40% em 2035. A mudança pode trazer mais associados para as commodities que o Brasil exporta.
Os pedidos de autorização foram solicitados por seis empresas que atuam na produção e no transporte de celulose, grãos e minérios, bem como na interligação com terminais portuários. Outros 36 requerimentos estão sob análise do Ministério, com investimentos que alcançam quase R $ 100 bilhões. Para ter uma ideia, a última vez em que esse modelo havia sido usado foi em 1905, na Estrada de Ferro Mamoré, ainda no ciclo da borracha.
As autorizações dispensam a realização de licitação. Basta fazer o pedido, aguardar uma análise pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), obter o aval do governo e deter o capital necessário. O modelo se tornado comum nos Estados Unidos para atender a demandas específicas de transporte de cargas, identificado pelos produtores e companhias. A malha norte-americana soma 290 mil km, dez vezes maior que a brasileira.
A cadeia de negócios do segmento ferroviário é composta por empresas que atuam com soldagem de trilhos e dormentes de concreto e aço. Conta também com fabricantes de peças em geral, de aço, ferro fundido e borracha. E congrega empresas de serviços de engenharia, de manutenção, alimentação e modernização de veículos ferroviários, remanufatura de rolamentos, integração de sistema e tecnologia embarcada (softwares). (fonte: Estadão)