OS DESAFIOS DA ELETRIFICAÇÃO DOS VEÍCULOS NO SETOR USINEIRO
Gühring
A eletrificação dos carros é uma mudança que a indústria automobilística nunca experimentou
Os Estados Unidos são o terceiro maior fundidor do mundo, perdendo apenas para a China e a Índia. O país tem cerca de 450 fundições de ferrosos e 200 fundições de não-ferrosos, possui clientes importantes como a indústria aeronáutica, a de transporte e a de acoplamentos. Juntas, representam 45% das vendas nas fundições americanas. Em 2021 o faturamento total foi de 42 bilhões de dólares.
A Abimaq realizou um webinar sobre o Panorama Norte-Americano de Fundição, que contou com apresentação de Ben Yates, VP da AFS (American Foundry Society), uma das maiores e mais importantes entidades internacionais de fundição.
Como acontece no Brasil, nota-se uma transferência dos jovens norte-americanos da atividade industrial para outras áreas. Para tentar reverter esse cenário, as empresas estão buscando atrair essas pessoas através da veiculação de vídeos e visitas presenciais nas escolas e fábricas, com o objetivo de ilustrar melhor o trabalho dos profissionais que atuam na indústria usineira.
Yates enfatizou que, entre as mudanças que o negócio de fundição deve enfrentar, a tendência de eletrificação dos veículos é o principal, pois atinge de forma diferente toda a cadeia. Assim como no Brasil, essa tendência de eletrificação dos veículos também tem desafios nos EUA devido à infraestrutura. “O governo americano possui um plano de, em dez anos, ter 10% da sua frota composta de veículos movidos a energia elétrica. A fundição será afetada de forma diferente, dependendo do tipo de produto que as empresas produzirão”, afirmou o VP.
A demanda por carros elétricos também foi um tema discutido durante o Conaf (Congresso Abifa de Fundição), pelo executivo Carlos Quintella, diretor de Marketing e Vendas para a América do Norte, da Künkel Wagner, empresa alemã centenária especialista em fundição. Ele ressaltou que a fundição na Alemanha está passando por uma crise com perfil disruptivo, visto que se trata de uma mudança que a indústria automobilística nunca experimentou. “Muito do que é produzido não será mais necessário, como é o caso de blocos de motor, cabeçotes, sistemas de injeção de diesel e pistões, por exemplo”.
Há uma preocupação comum entre os grandes produtores mundiais de fundidos, à qual o Brasil também deve ficar atento. Afinal, uma projeção trazida por Quintella, em sua palestra, sugere que até 2035 mais da metade dos veículos de passageiros vendidos mundialmente serão elétricos. As fundições brasileiras estão preparadas para isso? Ele lembra que em 2020, o Brasil ocupou a décima posição no ranking mundial dos principais produtores de fundidos.
Quintella avalia que as fundições brasileiras têm o desafio operacional de buscar melhores práticas. Além, é claro, de atentar para as tecnologias disruptivas da Fundição 4.0, que são capazes de aumentar a produtividade de nossas indústrias. “Temos toda a competência e as condições favoráveis para participar do mercado global de forma mais significativa. A fundição brasileira avança bem em 2022, mas precisamos atentar para os desafios enfrentados mundo afora e nos adaptar à nova realidade”. (Fontes: Abimaq/ Abifa)